sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Gregório Duvivier - Coluna na Folha de São Paulo #trechos #anotações

"Aprendeu a falar baixo, para não atrapalhar a ação principal. Aprendeu a concordar com o que estavam dizendo. Aprendeu a gesticular como quem concorda. Quem está em segundo plano nunca discorda. O pessoal desfocado passa a vida concordando. A não ser em fase de protestos. Lá estava ele, na Paulista, discordando. Educadamente. Como quem concorda." (Werner, 26 de agosto de 2013)


"A vida só é possível enquanto a gente esquece que a morte está à espreita." (Spoilers, 21 de julho de 2014)



"A vida é inverossímil." (Spoilers, 21 de julho de 2014)



"Só se faz um samba com tristeza. A boa piada precisa de inteligência e de desgraça. Piada sem desgraça é uma tristeza. Piada sem inteligência é uma desgraça." (O Palhaço Grock, 18 de agosto de 2014 - Folha)



"Nunca me senti tão exposto. Ao contrário do ator, o colunista, esse, sim, é um exibicionista crônico. Cada texto é uma biópsia. Não consigo parar de pensar que cada pessoa que sorri para mim na rua sabe das minhas convicções mais íntimas –e tenho mais vergonha das minhas convicções que da minha bunda. Não se faz crônica sem se abrir por completo –saudades do teatro, onde guardava minhas convicções e minha bunda ao abrigo do olhar do público (ok, a bunda nem sempre)." (Ator e autor, 10 de novembro de 2014 - Folha)


"A vida é uma longa despedida de tudo aquilo que a gente ama", meu pai sempre repete (mas a frase é do Victor Hugo). Todos os amores terminam —alguns amigavelmente, chorando no banheiro, outros com humilhação pública e sangue na testa, outros com a morte. "Para isso temos braços longos, para os adeuses"." (A cerimônia do adeus, 08 de dezembro de 2014 - Folha)

"Tem uma hora —e dizem que essa hora sempre chega— que para de doer. A parte chata é que, até parar de doer, parece que não vai parar de doer nunca." (A cerimônia do adeus, 08 de dezembro de 2014 - Folha)


"Tive um papo bom com o Fabrício Corsaletti, nosso cronista mais puro, descendente direto do Rubem Braga: "Crônica não tem nada a ver com opinião, não tem nada a ver com dados e porcentagens, não tem nada a ver com tentar convencer ninguém de nada. Quando a crônica faz isso corre o sério risco de virar um artigo" -e ele falava a palavra "artigo" como um médico fala de uma doença gravíssima. "Seu texto foi contaminado por um vírus e corre o sério risco de virar um artigo."" (Crônica de Raiz, 18 de maio de 2015 - Folha)

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