terça-feira, 4 de agosto de 2015

Antônio Prata - Coluna na Folha de São Paulo #trechos #anotações

"A repetição não é necessariamente um defeito. Veja Woody Allen. Nelson Rodrigues. Vonnegut. Rubem Braga. Só temos duas ou três coisas a dizer sobre a vida e as vamos reconfigurando, polindo, tentando clareá-las ao longo do tempo." (Mudança, 17 de agosto de 2011)



"Decido: levarei tudo comigo. De madrugada, o caminhão de lixo mastigará apenas os canhotos dos talões de cheque, velhas contas de luz e declarações do imposto de renda. Amores eternos, mesmo os mais fugazes, amigos que perdemos e os sonhos antigos devem permanecer sempre conosco: senão no fundo do coração, ao menos no fundo de uma gaveta." (Mudança, 17 de agosto de 2011)

[Esse trecho lembra "keep your old love letters, throw aways your old bank statements" do vídeo "wear sunscreen" - que por sinal também foi escrito por uma colunista... talvez seja interessante conferir os textos de Mary Schmich]



"Foi com grande assombro e não menor repúdio que eu descobri, dia desses, que as estantes dos supermercados chamam-se gôndolas.

Até então, tinha cá para mim que gôndolas eram utilizadas única e exclusivamente para levar casais apaixonados, espiões russos e turistas japoneses pelos canais de Veneza." (Os Mercadores de Veneza, 24 de agosto de 2011)



"Nunca fui a Veneza. Talvez seja melhor assim. Sua existência, não confirmada pessoalmente, continua a fazer parte do meu imaginário infantil: a cidade cujas ruas são feitas de água está para São Paulo como os unicórnios para os cavalos, os vulcões para as montanhas, os dinossauros para as lagartixas." (Os Mercadores de Veneza, 24 de agosto de 2011)



"É curioso: enquanto a natureza, esse monstro acéfalo, paga regiamente seu tributo à perfeição, mandando pro beleléu tudo o que não se adapta (alô, Neandertal!), nós toleramos uma quantidade absurda de inutensílios, como se suas existências fossem incontornáveis feito a morte, os impostos e a trilha sonora do vizinho." (Não Funciona, 28 de setembro de 2011)




"Secador de mãos a ar. Funciona muito bem -se você não tiver mais nada a fazer pelo resto da tarde, além de ficar virando as mãos de um lado pro outro, dentro de um banheiro público, só para que o dono do estabelecimento economize R$ 0,05 em folhas de papel. E não me fale em ecologia, pois o secador é elétrico, somos todos adultos e sabemos que a eletricidade não vem da cegonha: por mais limpa que seja, é sempre fruto de alguma sacanagem com o ambiente."(Não Funciona, 28 de setembro de 2011)




"Crônicas são como cogumelos, brotam onde querem, espontaneamente, e não convém colhê-las muito antes da hora nem demorar para tirá-las da terra, sob o risco de secarem e perderem o sabor." (Anistia para o tomate seco, 05 de outubro de 2011)




"Vejamos: você entra numa farmácia, pergunta se tem Aspirina e o funcionário responde com um peremptório "não". O que você pensará? Que aquela é uma farmácia ruim. Se, porém, ele disser que "no caso, Aspirina a gente não vai tá tendo, hoje", a coisa muda completamente de figura. O "no caso" sugere que, numa situação normal, ele teria Aspirina. Logo, "hoje", estamos numa situação anormal. Qual seria essa situação? Haveria um surto de enxaqueca, no bairro? Boatos de que a Copa e as Olimpíadas levariam à falta de ácido acetilsalicílico teriam desencadeado uma busca frenética pelo produto? Você não sabe, ele sabe, e, num segundo, o que era uma farmácia vagabunda transforma-se numa farmácia sob estado de exceção, enquanto você, em vez de um cliente insatisfeito, torna-se um náufrago à deriva no mar da especulação." (No caso, com certeza - 12 de outubro de 2011)




"Acontece que nós, os cronistas, somos uns sujeitos meio zarolhos, como essas crianças que tiram o carrinho da caixa e passam a brincar, entusiasmadas, com a caixa." (Alforria, 26 de outubro de 2011)




"Por trás da falsa descontração dos tuítes, podemos ver as piadas encolhendo a barriga, as críticas estufando o peito, as celulites de nossas inseguranças escondidas sob leves camadas de sarcasmo. O resultado é uma abundância de opiniões e uma escassez de vozes. Muita inteligência e pouca sinceridade. Todo mundo bem protegidinho e parecido, como os corpos corrigidos no computador" (Photoshop, 02 de novembro de 2011)




"Sugerir que a PM possa entrar em todos os lugares, menos no campus da universidade, não é um pensamento libertário, é um vício classista: a velha ideia de que, neste país, todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros." (Assim não, pessoal - 09 de novembro de 2011)

[citação de "a revolução dos bichos" do Orwell <3]


"Quem aí não sente, mesmo que em menor grau, que abandonou parte de seus anseios de juventude em troca do comércio -profissional, social, afetivo- da vida cotidiana?

A poesia de Rimbaud -como, aliás, toda grande poesia- nos lembra das infinitas possibilidades escondidas sob essa fina coberta que, com afinco, esticamos todas as manhãs sobre nossas ambições frustradas, nossos sonhos calados por covardia ou, pior, por preguiça." (Conformistas sem causa, 23 de novembro de 2011)

"É comum perguntarem a nós, escritores, de onde vêm as ideias. Nunca sei bem o que responder, pois raramente as tenho: escrevo bem mais em cima de observações, como um viajante que anota no bloquinho o cenário do lado de lá da janela, do que como criador, aquele que faz brotar as janelas e o cenário das páginas do seu bloquinho. Vez por outra, contudo, sou agraciado com um lampejo de inspiração e experimento esta alegria que é ver surgir, do banal, o extraordinário -como do milho, a pipoca." ('Cool-Eekah', 21 de dezembro de 2011)


"Estou fazendo graça; sinto-me um tanto hipócrita. Não fujo à regra. Também ando por aí, afobadinho e ansioso, querendo otimizar meu tempo, com raiva dos outros sempre que se tornam obstáculos à plena realização das minhas capacidades produtivas.

Que ridículo. No fim das contas, o único momento em que seremos 100% produtivos, em que nem uma célula será desperdiçada e nem uma caloria gasta em vão, é quando virarmos adubo para o capim do cemitério. E nessa hora, meus caros, enquanto estivermos devolvendo ao cosmos a energia que nos foi brevemente emprestada, não precisaremos nos preocupar: ninguém vai telefonar para atrapalhar nosso trabalho. Ou melhor, o das minhocas." (Grave, o recado - 15 de fevereiro de 2012)

"Que virtude há no autocontrole de quem não tem coragem de se descontrolar?" (Pé na jaca x pé no talco, 22 de fevereiro de 2012)

"Como Sérgio Porto já sabia, quem gosta de doce de coco preza muito o circunflexo." (Ora bolas, carambolas - 14 de março de 2012)

"E, ora bolas, carambolas: uma vez que todos nós nascemos, morreremos e não há nenhum sentido em estarmos aqui escrevendo crônicas, fazendo obturações, redigindo contratos ou brigando com a Marinalva do 702 por causa da vaga na garagem, tudo é absurdo e, portanto, risível. Só depende do jeito que olhamos." (Ora bolas, carambolas - 14 de março de 2012)

"era preciso acordar às 6h15 para estudar química orgânica e os adultos ainda queriam me convencer de que aquela era a melhor fase da vida.
Claro, observando-os, era óbvia a razão da nostalgia: seres de calças bege e pager no cinto, que gastavam seus dias em papinhos de elevador, sem ambições maiores do que um carro novo, um requeijão com menos colesterol, o nome na moldura de funcionário do mês e ingressos para o Holiday on Ice no fim de semana." (Quem ri por último ri Millôr, 04 de abril de 2012)

"Foi então, meus caros, que eu vi a luz -e a luz veio na forma de um livro; "Trinta anos de mim mesmo", do Millôr Fernandes.
A primeira página que eu abri trazia um quadrado em branco, com a seguinte legenda: "Uma gaivota branca, trepada sobre um iglu branco, em cima de um monte branco. No céu, nuvens brancas esvoaçam e à direita aparecem duas árvores brancas com as flores brancas da primavera". Logo adiante estava "O abridor de latas", "Pela primeira vez no Brasil um conto inteiramente em câmera lenta" -narrando um piquenique de tartarugas que durava uns 1.500 anos. Mais pra frente, esta quadra: "Essa pressa leviana/ Demonstra o incompetente/ Por que fazer o mundo em sete dias/ Se tinha a eternidade pela frente?".
Lendo aquelas páginas, que reuniam o trabalho jornalístico do Millôr entre 1943 e 1973, compreendi que não estava sozinho em meu estranhamento: a vida era mesmo absurda, mas a resposta mais lógica para a falta de sentido não era o desespero, e sim o riso. Percebi, como se não bastasse, que se agregasse alguma graça aos meus resmungos poderia fazer daquele incômodo uma profissão. Dos 19 anos até hoje, jamais paguei uma conta de luz de outra forma." (Quem ri por último ri Millôr, 04 de abril de 2012)

"Não, pior: um SMS da operadora é como uma mensagem numa garrafa, boiando no meio do mar. Você pega a garrafa. Tira a rolha. Desenrola o papel. Lê. E então descobre, horrorizado, que o náufrago é você." (Adquira já o plano Freedom Plus, 02 de maio de 2012)


"Claro que ainda nos chegam envelopes por baixo da porta, todos os dias, mas isto que agora encontramos próximo ao capacho assemelha-se tanto a uma carta como um jingle a uma sinfonia. Contas, propagandas, cardápio de restaurante chinês: tristes arremedos das gloriosas folhas de papel que outrora relataram o descobrimento de continentes, alimentaram amores impossíveis, aproximaram amigos distantes; ringues nos quais travaram-se as mais apaixonadas pelejas intelectuais." (Adeus às cartas, 30 de maio de 2012)



"Ah, que época bunda-mole a nossa! Elegemos como principal virtude justo a mais medíocre: o autocontrole. Foi-se o tempo em que o herói era aquele capaz de romper as amarras sociais, morais, históricas. De enfrentar o mundo em nome de um ideal ou de dar um piparote nas sentinelas do superego em busca de seu eu profundo.

O Super-Homem atual é o que, avaro com os prazeres, melhor consegue inserir-se nos escaninhos disponíveis do mundo. É um profissional bem-sucedido e com barriga de tanquinho. Seus feitos não serão medidos pelas marcas deixadas na história, mas pelo extrato da conta bancária e pela taxa de colesterol.
Não falo de fora. Sou filho da época, também tento enquadrar-me neste anódino "zeitgeist", de sonhos tão mirrados como as cinturas de nossas divas: sou funcionário esforçado, corro na esteira, acredito nos poderes milagrosos da quinua. Quando ponho a cabeça no travesseiro, contudo, envergonho-me e lamento a grandeza perdida.
Outrora buscávamos a nascente do Nilo, a verdade última das coisas, nos metíamos no mato sem cachorro, em mares nunca dantes navegados, nos entregávamos a amores e substâncias proibidas atrás de paraísos naturais ou artificiais. Agora, aqui estamos nós, usando 30 séculos de conhecimento acumulado para vender mais pasta de dentes, mais jornais, empenhados em descobrir como fazer dez arruelas ao custo de nove e receber uma promoção; aqui estamos nós, reinando sobre a natureza, mas comendo barrinhas de cereais.
Onde foi que nós erramos? Em que beco escuro do século 20 um Mefisto chinfrim sussurrou em nossos ouvidos que alcançaríamos a vida eterna caso abríssemos mão de nossos corações em nome do "sistema cardiovascular"? Que bizarra inversão foi essa que nos fez acreditar que a função das comidas é facilitar o trabalho do sistema digestivo, e não que a função do sistema digestivo é lidar com nossas comidas? Desculpem por ser chulo, caro leitor, mas eis a ambição de nossa triste humanidade: fazer um cocô durinho." (Autocontrole, 20 de junho de 2012)

"é de se suspeitar que o "sai fora!" na minha orelha signifique que, por mais que o "Espírito Olímpico" ecoe pelas teletelas de Eurásia, Lestásia e Oceania há vários meses, o velho "No future!" dos Sex Pistols ainda tenha a sua ressonância. Talvez hoje mais do que nunca." (Sai fora, 26 de julho de 2012)


"O mesmo problema, é verdade, não ocorre com os tais "guardanapinhos", pois eles sequer te dão a esperança de conseguir um comprimento decente: já saem da caixa vertical previamente cortados, com as dimensões perfeitas para a higiene --de gnomos, de duendes, de hobbits; não de seres humanos. É revoltante." (Papel higiênico rosa, 05 de setembro de 2012)



"Falamos do passado, mas não muito. Falamos do presente, mas não muito. Há uma vontade genuína de se aproximar e o tácito reconhecimento dessa impossibilidade.

Dois velhos amigos, quando se reveem, voltam no ato para o território comum de sua amizade. Reconstroem o pátio da escola, o Centro Acadêmico, o prédio em que moraram --e o adentram. Em três chopes, refez-se o antigo elo. Para os ex-amantes, no entanto, é impossível restabelecer o elo, o elo morreu com o amor, era o amor. O que sobra é feito um cômodo dentro da gente, cheio de móveis e objetos valiosos, porém trancado. Nesses almoços, estamos sempre no corredor, olhando para a porta fechada. Sentimos saudades do que está ali dentro, mas não podemos nem queremos entrar. Como disse um grego que viveu e amou há 2.500 anos: não somos mais aquelas pessoas nem é mais o mesmo aquele rio." (Ex, 20 de fevereiro de 2013)

[RECORDAÇÃO]
05/06/2013 -  Folha
"Hoje a gente ia fazer 25 anos de casado"..."Nunca vou esquecer: 1º de junho de 1988. A gente se conheceu num barzinho, lá em Santos, e dali pra frente nunca ficou um dia sem se falar! Até que cinco anos atrás... Fazer o que, né? Se Deus quis assim..."... "Não, tenho foto, sim, eu até fiz um álbum (...) tem ela no casamento da nossa mais velha, toda arrumada." " "Olha a data aí no cantinho, embaixo." "Primeiro de junho de 1988?" "tá fazendo 25 anos, hoje."
[Eles se casaram no mesmo dia que se conheceram? Porque faz ao mesmo tempo 25 anos de casados e 25 anos que se conheceram no bar em Santos. E a filha casou com que idade, se eles se conheceram há 25 e a esposa morreu há 5 anos?]

"Todo dia eu olho essa foto e fico danado, pensando: será que a gente ainda vai chegar ou será que a gente já foi embora? Vou morrer com essa dúvida." (Recordação, 05 de junho de 2013 - Folha)


"Outro dia, reparei que sempre escovo os dentes com pressa, como se estivesse atrasado para um compromisso. Que compromisso é esse? Não sei. É como se houvesse nascido atrasado, chegado ao mundo meia hora depois e a todo instante tentasse recuperar os minutos perdidos." (Pé de cachimbo, 28 de julho de 2013 - Folha)



""E depois que a gente morre, o que você acha que acontece?", perguntou minha vizinha. "Acaba." "Nossa, é muito triste pensar assim." É. E quanto mais triste me parece, mais bonito fica. Do pó viemos, ao pó voltaremos, cá estamos neste "caminho entre dois túmulos", sabendo que "não há metafísica no mundo senão chocolates" e, contudo, vez por outra, nos botamos "comovidos como o diabo"." (Laranjas e chocolates, 04 de agosto de 2013 - Folha)



[Atenção: "brindávamos aos heróis que abriam nossos olhos pro absurdo: Drummond, Zappa, Monty Python, Campos de Carvalho."]



"O esporte, contudo, assim como a arte, é o lugar do delírio. Se for encarado racionalmente, não faz nenhum sentido: 11 homens de cá contra 11 homens de lá, tentando fazer uma esfera de couro e ar passar por cima de uma linha de cal —sem usar as mãos. É toda a carga irracional colocada no espetáculo que lhe dá sua razão de ser: ali projetamos tragédias individuais e coletivas, plantamos e colhemos significados." (O álbum da copa, 11 de maio de 2014 - Folha)



"Às vezes, em bate-papos com leitores, me perguntam por que raramente escrevo sobre o assunto da semana. Digo que a chance de eu ter algo relevante a dizer sobre o assunto da semana é pequena, ainda mais concorrendo com jornalistas e especialistas que estão debruçados sobre a questão. Serei mais profundo ou divertido, terei, enfim, mais chance de dizer algo verdadeiro (mesmo que pequeno, mas verdadeiro, e é isso que importa) se mirar no que eu conheço: a minha infância, o amigo que reencontrei, os primeiros passos da minha filha.

Também costumam perguntar, nesses bate-papos, se por falar sempre de si mesmo o cronista não seria um autocentrado e, portanto, um alienado. Acho o contrário: o cronista procura nele mesmo (ou melhor, numa ficção de si mesmo) os assuntos que possam tocar os outros. Todo mundo teve infância, todo mundo tem amigos que a vida afastou, mesmo quem não é pai ou mãe sabe o que é uma criança. Se ao falar do meu umbigo eu não cutucar o seu, a relação umbilical da literatura não se estabeleceu: pode escrever pro "Painel do Leitor"." (O agudo e a crônica, 28 de setembro de 2014 - Folha)


"Devo seguir falando da minha infância, de um amigo que reencontrei, dos primeiros passos da minha filha? Às vezes, acredito que sim: que a crônica existe para iluminar uns rincõezinhos assombreados do cotidiano, pra abrir nossos olhos para a graça que passa despercebida, pelas esquinas –e que isso também é um ato político.

Outras vezes, porém, me vejo como um nobre gordo, na França, em 1788, comendo codornas enquanto o povo morre de fome, de bala ou é decapitado do lado de fora e nos calabouços do castelo." (O agudo e a crônica, 28 de setembro de 2014 - Folha)


"Ser feliz não é nada fácil. O cérebro humano, esse computador genial e incompetente, inventa aviões, concebe romances e pinturas com mais facilidade do que nos faz feliz. Que o digam, ou melhor, não o digam, Santos Dumont, Hemingway e Van Gogh, que jogaram a toalha." (#precisamosfalarsobreaborto, 23 de novembro de 2014 - Folha)



"Quando eu era pequeno, em férias como estas, na fazenda, gostava de deitar na grama, à noite, e olhar o céu estrelado até ter a impressão de que não era ele quem estava em cima e eu, embaixo, mas o contrário: com um frio na barriga, me sentia desabando no vazio.

Deitado no banco, agora, olho o céu por um tempo e me volta a impressão. A vertigem é até maior hoje, pois sei que não se trata de uma impressão: estamos mesmo desabando no vazio. ("Assim será nossa vida:/Uma tarde sempre a esquecer/Uma estrela a se apagar na treva/Um caminho entre dois túmulos")." (Meia abdominal, 12 de julho de 2015 - Folha)

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