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George Orwell |
"Com exceção dos poucos centímetros que cada um possuía dentro do crânio, ninguém tinha nada de seu."
"A memória de sua mãe atormentava seu coração porque ela morrera amando-o, quando ele era jovem e egoísta demais para poder retribuir seu amor."
"E o aterrorizante não era o fato de poderem mata-lo por pensar de outra maneira, mas o fato de poderem ter razão."
"Pelo que se lembrava dela, não achava que tivesse sido uma mulher excepcional, muito menos inteligente; contudo possuía uma espécie de nobreza, uma espécie de pureza, pelo mero fato de seguir padrões muito particulares de comportamento. Seus sentimentos eram próprios dela e não podiam ser alterados por fatores externos. Jamais teria ocorrido a sua mãe que, por ser ineficaz, um ato pudesse perder o sentido. Quando você ama alguém, ama essa pessoa e mesmo não tendo mais nada a oferecer, continua oferecendo-lhe o seu amor."
"Não eram leais nem a um partido, nem a um país, nem a uma ideia: eram leais uns aos outros. Pela primeira vez na vida não desprezou os proletas nem pensou neles apenas como uma força inerte que um dia despertaria para a vida para reformar o mundo. Os proletas haviam permanecido humanos."
"Em nossa sociedade, aqueles que estão mais informados sobre o que ocorre são também os que estão mais longe de ver o mundo como ele é. Em geral, quanto maior a compreensão, maior o engodo; quanto maior a inteligência, menor a saúde mental."
"Havia verdade e havia inverdade, e se você se agarrasse à verdade, mesmo que o mundo inteiro o contradissesse, não estaria louco."
"Ele já sabia o que O’Brien ia dizer. Que o Partido não desejava o poder em benefício próprio, mas para o bem da maioria. Que precisava ter poder porque as massas eram compostas de pessoas frágeis e covardes que não aguentam a liberdade, não conseguem encarar a verdade e precisam ser governadas e iludidas sistematicamente por outras pessoas mais fortes do que elas. Que a humanidade deve optar entre liberdade e felicidade e que, para a esmagadora maioria da população, felicidade era o melhor. Que o partido era o eterno guardião dos fracos, com uma congregação dedicada que fazia o mal para que prevalecesse o bem, que sacrificava a própria felicidade em benefício da felicidade dos demais. O terrível, pensou Winston, o terrível era que quando O’Brien dizia aquelas coisas ele acreditava."
"O’Brien compreendera e sopesara tudo, e nada mais fazia diferença: tudo se justificava em função do propósito maior."
"Que se pode fazer, pensou Winston, contra um maluco que é mais inteligente que você e presta atenção nos seus argumentos, mas que no fim não faz mais que persistir em sua loucura?"
"Poder não é um meio, mas um fim. Não se estabelece uma ditadura para proteger uma revolução. Faz-se a revolução para instalar a ditadura. O objetivo da perseguição é a perseguição. O objetivo da tortura é a tortura. O objetivo do poder é o poder."
"Escravidão é liberdade. Sozinho – livre – o ser humano sempre será derrotado. Assim tem de ser, porque todo ser humano está condenado a morrer, o que é o maior de todos os fracassos. Mas se ele atingir a submissão total e completa, se conseguir abandonar sua própria identidade, se conseguir fundir-se com o Partido a ponto de ser o Partido, então será todo-poderoso e imortal. A segunda coisa que você deve entender é que poder é poder sobre os seres humanos. Sobre os corpos – mas, acima de tudo, sobre as mentes."
"Antes do homem não havia nada. Depois do homem, se sua extinção vier a ocorrer, não haverá nada. Fora do homem não há nada." "Mas todo o universo está fora de nós."
"Poder é infligir dor e humilhação. Poder é estraçalhar a mente humana e depois juntar outra vez os pedaços, dando-lhes a forma que você quiser. E então? Está começando a ver que tipo de mundo estamos criando? Exatamente o oposto das tolas utopias hedonistas imaginadas pelos velhos reformadores. Um mundo de medo e traição e tormento, um mundo em que um pisoteia o outro, um mundo que se torna mais e não menos cruel à medida que evolui. O progresso, no nosso mundo, será o progresso da dor. As velhas civilizações diziam basear-se no amor e na justiça. A nossa se baseia no ódio. No nosso mundo as únicas emoções serão o medo, a ira, o triunfo e a autocomiseração. Tudo o mais será destruído – tudo."
"A única lealdade será para com o Partido. O único amor será o amor ao Grande Irmão. O único riso será o do triunfo sobre o inimigo derrotado. Não haverá arte, nem literatura, nem ciência. Quando fomos onipotentes, já não precisaremos da ciência. Não haverá distinção entre beleza e feiura. Não haverá curiosidade, nem deleite com o processo da vida. Todos os prazeres serão eliminados."
"Nós controlamos a vida, Winston, em todos os níveis. Você está imaginando que existe uma coisa chamada natureza humana, e que essa coisa ficará ultrajada com o que estamos fazendo e se voltará contra nós. Mas nós é que criamos a natureza humana. Os homens são infinitamente maleáveis. Ou será que você voltou à sua velha ideia de que os proletários ou os escravos se levantarão e nos derrubarão? Tire isso da cabeça. Eles não têm saída. São como os animais. A humanidade é o Partido."
"Pela primeira vez, Winston se dava conta de que, para guardar um segredo, teria de guarda-lo também de si mesmo. Era preciso ficar o tempo todo consciente da presença do segredo, mas, enquanto fosse possível, não podia permitir que ele assomasse à consciência sob nenhuma forma a que alguém pudesse dar nome. De agora em diante, não bastava pensar direito; tinha de sentir direito, sonhar direito. E tinha de manter o ódio permanentemente trancado dentro de si, como um nódulo que fosse parte dele mesmo e ao mesmo tempo não tivesse relação com o resto do seu ser, uma espécie de cisto."
"A memória de sua mãe atormentava seu coração porque ela morrera amando-o, quando ele era jovem e egoísta demais para poder retribuir seu amor."
"E o aterrorizante não era o fato de poderem mata-lo por pensar de outra maneira, mas o fato de poderem ter razão."
"Pelo que se lembrava dela, não achava que tivesse sido uma mulher excepcional, muito menos inteligente; contudo possuía uma espécie de nobreza, uma espécie de pureza, pelo mero fato de seguir padrões muito particulares de comportamento. Seus sentimentos eram próprios dela e não podiam ser alterados por fatores externos. Jamais teria ocorrido a sua mãe que, por ser ineficaz, um ato pudesse perder o sentido. Quando você ama alguém, ama essa pessoa e mesmo não tendo mais nada a oferecer, continua oferecendo-lhe o seu amor."
"Não eram leais nem a um partido, nem a um país, nem a uma ideia: eram leais uns aos outros. Pela primeira vez na vida não desprezou os proletas nem pensou neles apenas como uma força inerte que um dia despertaria para a vida para reformar o mundo. Os proletas haviam permanecido humanos."
"Em nossa sociedade, aqueles que estão mais informados sobre o que ocorre são também os que estão mais longe de ver o mundo como ele é. Em geral, quanto maior a compreensão, maior o engodo; quanto maior a inteligência, menor a saúde mental."
"Havia verdade e havia inverdade, e se você se agarrasse à verdade, mesmo que o mundo inteiro o contradissesse, não estaria louco."
"Ele já sabia o que O’Brien ia dizer. Que o Partido não desejava o poder em benefício próprio, mas para o bem da maioria. Que precisava ter poder porque as massas eram compostas de pessoas frágeis e covardes que não aguentam a liberdade, não conseguem encarar a verdade e precisam ser governadas e iludidas sistematicamente por outras pessoas mais fortes do que elas. Que a humanidade deve optar entre liberdade e felicidade e que, para a esmagadora maioria da população, felicidade era o melhor. Que o partido era o eterno guardião dos fracos, com uma congregação dedicada que fazia o mal para que prevalecesse o bem, que sacrificava a própria felicidade em benefício da felicidade dos demais. O terrível, pensou Winston, o terrível era que quando O’Brien dizia aquelas coisas ele acreditava."
"O’Brien compreendera e sopesara tudo, e nada mais fazia diferença: tudo se justificava em função do propósito maior."
"Que se pode fazer, pensou Winston, contra um maluco que é mais inteligente que você e presta atenção nos seus argumentos, mas que no fim não faz mais que persistir em sua loucura?"
"Poder não é um meio, mas um fim. Não se estabelece uma ditadura para proteger uma revolução. Faz-se a revolução para instalar a ditadura. O objetivo da perseguição é a perseguição. O objetivo da tortura é a tortura. O objetivo do poder é o poder."
"Escravidão é liberdade. Sozinho – livre – o ser humano sempre será derrotado. Assim tem de ser, porque todo ser humano está condenado a morrer, o que é o maior de todos os fracassos. Mas se ele atingir a submissão total e completa, se conseguir abandonar sua própria identidade, se conseguir fundir-se com o Partido a ponto de ser o Partido, então será todo-poderoso e imortal. A segunda coisa que você deve entender é que poder é poder sobre os seres humanos. Sobre os corpos – mas, acima de tudo, sobre as mentes."
"Antes do homem não havia nada. Depois do homem, se sua extinção vier a ocorrer, não haverá nada. Fora do homem não há nada." "Mas todo o universo está fora de nós."
"Poder é infligir dor e humilhação. Poder é estraçalhar a mente humana e depois juntar outra vez os pedaços, dando-lhes a forma que você quiser. E então? Está começando a ver que tipo de mundo estamos criando? Exatamente o oposto das tolas utopias hedonistas imaginadas pelos velhos reformadores. Um mundo de medo e traição e tormento, um mundo em que um pisoteia o outro, um mundo que se torna mais e não menos cruel à medida que evolui. O progresso, no nosso mundo, será o progresso da dor. As velhas civilizações diziam basear-se no amor e na justiça. A nossa se baseia no ódio. No nosso mundo as únicas emoções serão o medo, a ira, o triunfo e a autocomiseração. Tudo o mais será destruído – tudo."
"A única lealdade será para com o Partido. O único amor será o amor ao Grande Irmão. O único riso será o do triunfo sobre o inimigo derrotado. Não haverá arte, nem literatura, nem ciência. Quando fomos onipotentes, já não precisaremos da ciência. Não haverá distinção entre beleza e feiura. Não haverá curiosidade, nem deleite com o processo da vida. Todos os prazeres serão eliminados."
"Nós controlamos a vida, Winston, em todos os níveis. Você está imaginando que existe uma coisa chamada natureza humana, e que essa coisa ficará ultrajada com o que estamos fazendo e se voltará contra nós. Mas nós é que criamos a natureza humana. Os homens são infinitamente maleáveis. Ou será que você voltou à sua velha ideia de que os proletários ou os escravos se levantarão e nos derrubarão? Tire isso da cabeça. Eles não têm saída. São como os animais. A humanidade é o Partido."
"Pela primeira vez, Winston se dava conta de que, para guardar um segredo, teria de guarda-lo também de si mesmo. Era preciso ficar o tempo todo consciente da presença do segredo, mas, enquanto fosse possível, não podia permitir que ele assomasse à consciência sob nenhuma forma a que alguém pudesse dar nome. De agora em diante, não bastava pensar direito; tinha de sentir direito, sonhar direito. E tinha de manter o ódio permanentemente trancado dentro de si, como um nódulo que fosse parte dele mesmo e ao mesmo tempo não tivesse relação com o resto do seu ser, uma espécie de cisto."
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